ORIGEM
A pupunheira chamada cientificamente de (Bactris gasipaes Kunth var. gasipaes Henderson) é uma planta originária da Região Amazônica, pertencente a família das palmáceas, produz frutos e palmito para consumo humano. O hábito de consumo de frutos é mais comum na região de origem, enquanto que nas demais regiões brasileiras está sendo cultivada com maior interesse para produção de palmito.
CLIMA
A pupunha apresenta melhor desenvolvimento em clima quente, com precipitações altas e bem distribuídas. É bastante exigente em água necessitando de irrigação em regiões onde as chuvas são poucas e mal distribuídas. Segundo Clement (1989), em regiões onde a precipitação anual é inferior a 1.600 mm ou má distribuída ao longo do ano, é necessário usar irrigação. Além de retardar o desenvolvimento da planta, o déficit hídrico prejudica a qualidade do palmito.
SOLOS
É uma planta que na sua condição de origem desenvolve em solos pobres. Isto nos leva a entender que ela suporta solos de baixa fertilidade, entretanto torna-se mais produtiva e mais rentável em solos de boa fertilidade, ou mesmo em solos pobres, porém bem adubados.
Apresenta bom desenvolvimento em solos com textura variando de argilosa a arenosa. Necessita de boa quantidade de água no solo para maior rendimento de palmito, mas não tolera solos encharcados.
SEMENTES
As sementes utilizadas para formação das mudas são originárias principalmente da região amazônica. As matrizes existentes na região Sul e Sudeste apresentam elevado índice de partenocarpia, ou seja, produz frutos sem sementes, fato que limita a utilização para produção de mudas.
ESPINHOS
A variabilidade genética da pupunheira é muito ampla e a presença ou ausência de espinhos, é controlada geneticamente. Sendo assim, podemos ter plantas com alto índice de espinhos e plantas totalmente lisas, e entre estes dois extremos variações nas quantidades e na localização dos espinhos. Podem manifestar-se tanto no caule como nas folhas, sendo os do caule os que apresentam maiores limitações de cultivo.
Plantas com espinho também produzem palmito de qualidade e apresentam boa produtividade e precocidade. No entanto, oferecem riscos às pessoas que manejam a lavoura, pois são rígidos e podem chegar até 15 cm de comprimento.
Recomendamos àqueles que optarem por plantio de mudas com espinho, evitar as áreas muito inclinadas e espaçamentos adensados. Muitos produtores colocam as plantas com espinhos nas bordaduras de suas lavouras para dificultar a entrada de invasores.
A identificação de plantas com espinho é facilmente feita no viveiro. O viveiro Flora do Vale faz uma triagem no momento da repicagem e ainda outra no momento do carregamento e entrega das mudas. Tal prática garante a entrega de 100% de mudas sem espinho no caule.
CARACTERÍSTICAS DE INTERESSE COMERCIAL
Precocidade: Diferente da juçara, do açaí e mesmo da palmeira real, a pupunha apresenta crescimento rápido possibilitando o início de cortes para produção de palmito já aos 18 meses após o plantio.
Planta perene:. A planta é considerada perene e comumente observamos lavouras com mais de 15 anos ainda em plena produção de palmito. Apresenta perfilhamento, ou seja, na base do caule surgem várias e sucessivas brotações que dão origem a novas hastes produtoras de palmito. Para facilitar o entendimento, tomamos como referência a bananeira com suas “brotações”.
Cortes sucessivos: Com o perfilhamento é possível fazer um ou mais cortes na mesma touceira a cada ano sem necessidade de novo plantio. Dependendo da fertilidade e manejo pode ser colhido de 1 a 2 palmitos por touceira por ano.
Não oxida: Outro grande diferencial da pupunha é a não oxidação do palmito após o corte. Isto quer dizer que o palmito de pupunha não escurece como o palmito da palmeira real ou da juçara. Tal característica abre uma grande oportunidade de comercialização não existente até então, que é a comercialização do palmito fresco “in natura”. Lembramos que cuidados como higienização e sanitização são fundamentais para manter as qualidades do produto sem riscos ao consumidor.
Alta rentabilidade: O investimento para implantação e condução até o início das colheitas varia bastante em função de região, solo, topografia, tecnologia utilizada entre outros. O que temos observado são valores entre R$ 8.000,00 e R$ 12.000,00/ha, que podem ser amortizados já no segundo ano de colheita. Áreas que necessitam de irrigação necessitam de investimentos adicionais em torno de R$ 5.000 a R$ 8.000,00/ha, dependendo das características da área. A partir de 2,5 anos, a lavoura entra em plena produção possibilitando lucros líquidos médios anuais na ordem de R$ 7.000,00/ha, podendo chegar até R$ 15.000,00/ha dependendo da produtividade e forma de comercialização.
CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS
O palmito de pupunha não é extraído da mata nativa, ele é plantado, adubado e manejado sob critérios técnicos pré-definidos, ou seja, é cultivado. Pode ser comercializado sem necessidade de aprovação de plano de manejo junto aos órgãos ambientais.
Como é uma planta perene, produz muita matéria orgânica e apresenta amplo sistema radicular, protege o solo dos efeitos diretos da chuva, promove melhor controle da erosão, conserva a umidade e ajuda a preservar a micro-fauna do solo.
Possibilitando oferta de palmito no mercado em grande volume e qualidade, por conseqüência, diminui a pressão sobre a juçara e o açaí, extraídos em quase sua totalidade da mata nativa.
ÉPOCA DE PLANTIO
Como se trata de uma planta que não tolera geada em sua fase inicial e depende de boa precipitação, recomendamos o plantio numa época de maior temperatura e boa precipitação.
Outro fator a ser considerado na escolha da época de plantio é a disponibilidade de mudas. A colheita de sementes ocorre basicamente no primeiro trimestre do ano. Como a semente perde seu potencial de germinação muito rápido, a semeadura é feita logo em seguida. Considerando o tempo que devem ficar enviveiradas, as mudas estarão prontas para ir ao campo somente após o mês de novembro.
Levando em consideração as duas situações descritas acima podemos dizer que a época de plantio mais oportuna compreende o período de novembro a abril. Em regiões com características climáticas favoráveis e com irrigação permitem-se o plantio em outras épocas.
ESPAÇAMENTO
Diversos fatores devem ser considerados na definição do espaçamento de plantio, tais como uso de máquinas, insolação, fertilidade de solo, adubações, manejo de perfilhos, diâmetro de palmito exigido pelo mercado entre outros.
Na região Sul a Embrapa Florestas desenvolveu alguns experimentos testando vários espaçamentos e verificou-se que a população de 5.000 plantas/ha, no espaçamento de 2x1m apresentou melhores resultados ao longo do tempo. É também o espaçamento mais usado na região Sul e Sudeste. Mercados consumidores que preferem palmitos mais finos têm levado a plantios mais adensados aliado a colheitas mais freqüentes.
CONSÓRCIOS
A pupunha é uma planta que se desenvolve bem a pleno sol apresentando reduções significativas de produtividade quando sombreada. O consórcio pode ser feito no primeiro ano com culturas intercalares como feijão, arroz, milho, amendoim entre outros, sempre com o cuidado de não estabelecer competição por água, nutrientes ou espaço entre as culturas. O desenvolvimento inicial da pupunha é lento, mas acelera muito após o primeiro ano, cobrindo o solo e desenvolvendo raiz em toda a entrelinha. Do segundo ano em diante não recomendamos nenhum plantio intercalar.
O uso de adubação verde na entrelinha neste primeiro ano traz bons resultados para a pupunha, pois além que cobrir o solo, diminui o escorrimento de água, recicla nutrientes e pode fixar nitrogênio no solo quando se usa leguminosas.
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Utilização de corretivos e adubos deve ser feita por profissionais e baseados em análise de solo, histórico da área e produtividade esperada. Destacamos aqui que a melhor oportunidade de incorporação de fósforo no solo está no preparo do solo e das covas de plantio.
A planta apresenta boa resposta a adubações químicas e orgânicas, principalmente quando se utiliza fontes ricas em nitrogênio e potássio. Segundo Embrapa Florestas (2008) a pupunheira para palmito, em ordem decrescente, é exigente em nitrogênio, potássio e fósforo.
COLHEITA
Em lavouras bem manejadas a partir de 18 meses do plantio já se pode colher algumas hastes sendo que aos 30 meses a lavoura já está em plena produção.
O evento da colheita pode também ser visto como uma forma de manejar a touceira. Cortes tardios implicam em sombreamento da área e diminuição da emissão e desenvolvimento de perfilhos, ao passo que cortes mais precoces estimulam o perfilhamento.
O palmito possui esta flexibilidade, possibilita antecipar ou atrasar a colheita sem deteriorar o produto, diferentemente de maioria de outras culturas comerciais. Esta característica permite trabalhar melhor com eventuais oscilações de preços, melhora a utilização da mão de obra e permite a comercialização e obtenção de receitas em todas as épocas do ano.
Atualmente é comum as próprias indústrias compradoras de palmito fazerem a colheita e transporte da produção.
FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO
O mercado de palmito fresco possibilita inúmeras formas de comercialização, mas ainda são as indústrias de conservas quem compra grande parte da produção. Observamos uma tendência das indústrias da região Sul e Sudeste de comprar o palmito por rendimento, ou seja, a indústria faz o processamento do palmito, verifica a quantidade de palmito “tolete” e palmito “picado” resultante do processamento, e faz o pagamento com base na quantidade de produto envazado.
Ainda existe a remuneração por “cabeça” de palmito na roça, mas os compradores sempre farão uma estimativa de rendimento para formar o preço por unidade. Cabe ao produtor rural manejar e adubar a sua lavoura visando aumentar rendimento para obter melhores remunerações.
A comercialização do produto fresco, minimamente processado vem tendo boa aceitação pelos consumidores de grandes centros face às diversas possibilidades de uso em pratos especiais e menor custo. O produto fresco pode ser comercializado diretamente do produtor para o consumidor.